sexta-feira, 5 de setembro de 2008
ele tinha trinta e seis centímetros de pau. mas hoje, agora, só conseguia enxergar sete. o pau, a rola dele não ficava mais rígida, dura, como uma vara. seu firmino abriu portas e xanas no cinema pornô. big long joe. um sujeito com um instrumento de trabalho daqueles merecia um nome com três: big long joe. big porque era grosso. long, porque, bom, trinta e seis centímetros de pau. e joe, porque seu firmino era uma pessoa comum. pessoa comum no sentido de que o cidadão típico se identificava com ele. seu firmino era uma espécie de tom hanks do cinema pornô. na verdade, o cidadão típico idolatrava seu fimino, ou melhor, big long joe. as pessoam fodiam as mulheres mais tesudas através de big long joe. mas, a gravidade, e o tempo é que foderam com o pau dele. big long joe agora era seu firmino. com quinhentas gramas de pau murcho.
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"eu não sento nesse pau." carmem de maura, atriz pornô, conhecida pela vulva farta e a habilidade de fazer rolas desparecerem, se recusou a sentar sobre aquele negócio descomunal de big long joe. e ela não era a primeira. mas, no contrato de big long, não havia brechas para frescuras. cada hora de trabalho de big long joe, custava uma fortuna. e, manter a vara dura, muito sangue e concentração. o diretor mandou carmem de maura à merda, chamou a mocinha da recepção da produtora que logo sentiu o trem de big long joe em alta velocidade. nascia ali, uma das duplas pornôs que mais fodeu no cinema nacional. "você tem cara de safíra. esse vai ser o seu nome artístico." big long joe dizia que o olho dela brilhava como a pedra do mesmo nome-- quando ela deitava os olhos sobre os trinta e seis centímetros de pau rijo dele.
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seu firmino conseguiu juntar um dinheiro suficiente para viver com uma certa tranquilidade. alugava dois apartamentos próprios no centro para funcionários da vale do rio doce e vivia num dois quartos com um banheiro e um lavabo no catete. tinha uma carteirinha do clube de regatas do flamengo-- onde nadava entre 5 e 6 da manhã, todos os dias. seu firmino nadava cedo por dois motivos. o volume na sunga e dona mirtes. dona mirtes fazia pilates no clube. também sofria com a falta de sono e por isso mesmo, esbarrava quase todos os dias nas catracas da entrada do clube pela manhã. seu firmino tinha uma vontade enorme de falar com ela. ele escutara que mirtes era viúva e ansiava pela chance de colocar nas mãos dela-- o cordão frouxo da sunga dele. seu firmino tinha a esperança de que ela seria a salvadora da rola dele. certa vez, ao sair da piscina, e passar pela frente da sala de pilates, seu firmino espiou mirtes que, naquele exato instante, tocava as palmas das mãos contra o chão. a visão daquele rabo descomunal-- coberto por lycra preta-- fez mexer o saco de pele murcho que firmino carregava dentro da sunga. e foi ali que firmino passou a acreditar que poderia um dia, ver novamente seus trinta e seis centímetros de pau.
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em 1977 a polícia invadiu a sala de número 2 do roxy copacabana. era a segunda sessão de "senta o pau na amazônia big long joe!" o amazônia do título do filme surgiu pois o produtor achava que conseguiria expandir a distribuição do filme para o estrangeiro. "é exótico porra! estrangeiro adora papagaio, tucano, essas porras todas. vai adorar ver gente fudendo na floresta." bom, mas voltando a polícia, e a sala 2 do roxy. depois da primeira e da segunda sessão, o assunto se propagou como fogo em noite de folga do corpo de bombeiros. uma senhora que entrara por acidente no filme com o neto achando que era uma aventura no norte do brasil, desmaiou ao ver o pau do big long joe. a atriz do filme também desmaiou. e o diretor resolveu manter a cena. resultado. a senhora prestou queixa na delegacia. e duas sessões depois, a polícia lacrava as portas do cinema. nos próximos cinco anos, big long joe só comeu mulheres nos estados unidos e na bulgaria. nos estados unidos porque pagavam bem. e na bulgaria, pois big long joe gostava do sotaque das búlgaras quando gritavam.
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firmino saía da piscina e colocava o roupão. ele não arriscava expor aqueles bagos protuberantes. naquela terça-feira, pela primeira vez, mirtes deu "bom dia" para firmino. que, prendeu o sorriso, respondeu de volta e, com educação, deixou ela passar na frente na catraca. ele fincou os olhos nas batatas das pernas de mirtes e apalpou a sunga para ver se algo movia. "mexeu! meu pau mexeu!", pensou firmino. era a segunda vez em oito anos que seu pau se mexia. e a segunda vez-- graças aquela mulher. mirtes era responsável por duas ocasiões de pau com vida. oito anos antes, ao assistir um comercial de margarina, firmino sentira tesão pela mulher que mordia o pão lambuzado de margarina. e desde então, nada. até conhecer mirtes. ou melhor, até esbarrar em mirtes. e nas coxas fartas dela. ela, que ainda não sabia o seu nome. mas, que-- em questão de alguns meses de flerte-- viria a ser a responsável por despertar o coração moribundo-- e cada centímetro de seu firmino.
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"não chupa meu pau com batom!" big long joe não suportava cenas de sexo oral em que a atriz melecava a boca e, consequentemente-- o instrumento de trabalho dele-- com batom. era o último filme de big long joe. uma namorada ciumenta, um acidente de moto e a rotina de trabalho-- fizeram com que big long joe decidisse parar. seu nome já estava garantido no hall da fama sediado em san fernando, na california. recentemente, big long joe tinha feito um molde para que mulheres pudessem ter uma versão dos trinta e seis centímentros dele de borracha-- em casa. 389 filmes. "tudo em película!" se gabava big long joe. dinheiro, ele tinha o suficiente. e, também tinha mais uma coisa. algo que só ele sabia-- forçou big long a abandonar as xanas das atrizes pornôs. no penultimo filme-- big long teve que tocar meia punheta no camarim para chegar ao set de filmagem com a rola quase pronta. ele já não conseguia mais ficar pronto como antes. big long queria sair por cima. com os trinta e dois centímetros de pau melecados de batom que ainda restavam. big long joe saía de cena. e dava lugar para seu firmino.
papel quente recém saido da máquina de xerox.
manias. eu tenho manias. escrever a palavra "manias" na su versão no plural e no singular, "mania"-- como você pode ver, é uma delas. raspar todo o cabelo, os pêlos do corpo. cada um. todos os fios, essa é uma das outras manias que eu tenho. tenho uma farta cabeleira. mas raspo. no primeiro sinal do fio de cabelo a romper o limite do couro cabeludo, passo a lâmina. cílios, sobrancelhas, cabelo do dedão do pé. todos. manias. uma outra mania que eu tenho é fazer cursos. tenho uma tara por diplomas. na verdade tenho mania por diplomas e aquele carimbo feito com cera quente. aquela melequinha que usam para dar aquela personalizada no seu diploma. o único problema com essa mania é que leva tempo para ganhar o diploma. mas tudo bem-- pois tenho mania de ler livros técnicos. mania de cheirar resmas de papel. por falar nisso, tenho mania de esfregar contra o rosto-- papel quente recém saido da máquina de xerox. outra mania que eu tenho é pegar cavalos marinhos. coleciono em potes médios de maionese hellman's. tem que ser o médio. no pote grande, fica desproporcional. o que para você pode parecer estranho. mas mania a gente não escolhe. é a mania que escolhe a gente.
contar para as pessoas as minhas manias. essa é outra das minhas muitas, manias.
stereotipos.
porque é que será que nos desenhos animados os dois estão sempre brigando e aqui em casa se dão tão bem? porque será que eu nunca tive azar, apesar de morar com um gato preto dentro de casa? porque será que o cachorro não traz o jornal na boca para mim todos os dias como nas propagandas? porque eu não consigo parar de pensar nessas perguntas?
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