sexta-feira, 14 de março de 2008
O aroma do pão.
o flamengo ganhou do meu vasco da gama. mais uma vez. saudade do dinamite. saudade do andrada. saudade do geovanni. já já o filho da puta do 51 aparece: "ô, ô, ô, obina é melhor do que o etô."trabalho desde 1974 nesse prédio. me pagam uma merreca mas tenho apartamento de graça. sou viúvo. criei dois filhos aqui.o primeiro é escrivão da aeronáutica. queria ser paraquedista, mas tinha a sola de um dos pés chata. "pai eu tenho a sola do pé chata!" nunca vi uma pessoa chorar tanto por causa de uma sola de pé. o segundo casou com uma prima. vende enciclópedias. de porta em porta. esse tá na merda: "a internet me fodeu." deve dois paus no cheque especial.
minha vida se resume a dois botões. o da entrada do prédio. e o da garagem. leio a revista veja em prestações. e as manchetes dos jornais dos moradores atrasados. mas não é tão ruim quanto parece. tem uma coisa que me faz continuar:a madame do 22. aquele cheiro de pão quente que ela carrega debaixo do braço vindo da padaria-- misturado com o desodorante 'rastro' mexe comigo. ela faz de propósito. abre uma frestinha do saco de pão e abana o suvaco só para me tentar. hoje eu como aquele pão. não tenho nada a perder. o meu vasco já foi para o caralho.
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